Slender Man nasceu em 2009, de um concurso na internet de um fórum chamado Something Awful (Algo Horrível em tradução livre), nele era preciso criar uma criatura sobrenatural. O vencedor foi Eric Knudsen, responsável pela ideia de um fantasma sem rosto que persegue crianças, batizado de Slender Man. Na competição, a criatura foi descrita como um humanoide magro e extremamente alto, que vestia um terno preto. O Slender Man é citado em histórias de abdução e perseguição, sempre envolvendo crianças. A lenda conta que ele tem o poder de se transformar em qualquer coisa, seja boa ou ruim, tudo para conseguir sequestrar os pequenos e leva-los para a floresta.
O mito não possui uma narrativa oficial, abrindo espaço para que o contador mude os aspectos do ser sobrenatural conforme deseja. Em 2018, foi lançado um filme de terror baseado no monstro fictício. A obra intitulada Slender Man: Pesadelo sem Rosto mostra a história de três jovens, que após invocar a entidade, começam a sofrer com perseguições e visões do fantasma sem rosto.
No entanto, esta narrativa se baseia na história real de três garotas americanas, na qual duas delas esfaquearam a terceira em um bosque no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos. O crime tinha uma motivação: agradar Slender Man.
Amizade
Payton Leutner conheceu Morgan Geyser na escola e logo viraram melhores amigas, brincavam juntas e faziam festas do pijama em casa. Em seu depoimento para a polícia, Payton falou sobre Morgan: “ela era minha única amiga por muito tempo”.
Dois anos depois, Morgan conheceu Anissa Weier, e segundo Payton, foi quando “tudo deu errado”. Logo, Anissa e Morgan ficaram obcecadas com o Slender Man, Payton mesmo assustada, apoiava suas amigas, ela afirmou que acreditava que a assombração fosse real.
Sacrifício
No dia 30 de maio de 2014, Payton comemorou seu aniversário de 12 anos com uma festa do pijama, Anissa e Morgan foram suas convidadas. As três meninas dormiram, e no dia seguinte decidiram ir passear no bosque.
Foi então que o ataque aconteceu. De repente, Morgan começou esfaquear brutalmente Payton e, após 19 golpes, Anissa e Morgan fugiram correndo, deixando a vítima para morrer.
Mesmo terrivelmente ferida, Payton conseguiu ir se arrastando até a beira da estrada, onde o ciclista, Greg Steinberg a socorreu. Brian Huckstorf, médico que atendeu a vítima após a tentativa de assassinato, declarou que ela foi atacada nos braços, pernas, peito e abdômen.
Horas mais tarde, Geyser e Weir foram presas enquanto caminhavam em direção à Floresta Nacional Nicolet, também no estado de Wisconsin, onde as autoras do crime acreditavam que a casa de Slender Man estava localizada.
No interrogatório, realizado separadamente, as duas garotas alegaram que a entidade sobrenatural desejava a morte de Payton. Anissa chegou a afirmar que estava sendo ameaçada: “Disseram-me que se eu não fizesse algo, minha família estaria em perigo”.
A investigação concluiu que apesar de Morgan ter executado todos os golpes sozinha, enquanto Anissa vigiava o local, ambas planejaram o crime juntas, durante meses. O objetivo do crime era ganhar uma recompensa do fantasma, e se mudar para sua mansão na floresta.
Julgamento
Em 2017, durante o julgamento, Morgan foi diagnosticada com esquizofrenia precoce, recebeu a sentença de 40 anos em um hospital psiquiátrico, após se declarar culpada das acusações, em um acordo com a promotoria que alegava insanidade mental. Mais tarde, sua família revelou que seu pai também era esquizofrênico.
Anissa, por sua vez, foi diagnosticada com transtorno delirante. Declarou-se culpada e cúmplice do crime, recebeu a sentença de 25 anos em uma clínica psiquiátrica.
O criador do Slender Man, Eric Knudsen, se pronunciou sobre o crime na época: “Estou profundamente triste pela tragédia em Wisconsin e meu coração está com as famílias das pessoas afetadas por esse ato terrível”, afirmou Knudsen em comunicado.
Payton Leutner declarou em entrevista que não seria quem é hoje se não tivesse sobrevivido ao crime de suas amigas. Suas cicatrizes ainda podem ser vistas, mas é algo que já não a incomoda mais: “É apenas uma parte de mim. Eu não penso muito nelas. Elas provavelmente irão embora e desaparecerão eventualmente”.
Fonte: Aventuras na historia