Pois é, o ano mais uma vez voou e a celebração natalina já está batendo na nossa porta. Imagino que, se você está lendo esse especial de hoje, esteja todo envolvido, ou envolvida, nos preparativos. Comprar presentes, preparar a comida, deixar tudo pronto para se reunir com a família ou amigos para essa noite tão especial.
Há quem descreva essa data como mágica. O clima natalino invade o nosso lar. Um sentimento de gratidão, amor e generosidade dominam o nosso estado de espírito. Um feriado para compartilhar nosso tempo com pessoas queridas e assim guardar boas lembranças para toda a vida.
Mas não é só de histórias felizes que se vive o Natal. Essa data mágica guarda algumas das histórias de crimes mais chocantes e misteriosas já registradas. Nesse especial iremos contar para você justamente algumas delas. Histórias que o clima natalino simplesmente não existiu. Separamos algumas dessas historias, espero que gostem!
O massacre de Covina: o Papai Noel assassino
Covina, Estados Unidos. Era 24 de dezembro de 2008.
Numa casa do subúrbio de Los Angeles, uma família de cerca de 25 integrantes celebrava a véspera do Natal. Entre eles estavam idosos, adultos e crianças. A mesa estava farta de comida, a casa toda decorada e todos se divertiam enquanto jogavam jogos de tabuleiro. Não era por menos, essa era a data preferida dos Ortegas, quando podiam reunir seus cinco filhos, com suas respectivas esposas ou maridos, e seus netos.
O relógio marcava onze e meia da noite e a festa estava apenas começando. Logo, um Papai Noel contratado chegaria na casa para fazer a alegria da criançada e entregar os presentes.
É quando a campainha toca e a eufórica Katrina Yuzefpolsky, de oito anos, corre até a porta para receber o tão esperado bom velhinho. Antes mesmo que ela pudesse dar um abraço no Papai Noel, ele tira uma arma do seu traje vermelho e atira em seu rosto.
O Papai Noel era na verdade Bruce Jeffrey Pardo, ex-marido de Sylvia Ortega, uma das integrantes da família que festejava o Natal. A casa invadida por ele era dos seus ex-sogros, os pais da Sylvia. Já dentro da casa, Bruce inicia um tiroteio sem distinguir quem estava à sua frente. Ele trazia ao todo quatro armas semi automáticas carregadas e um pacote embalado com papel de presente.
Alguns familiares conseguiram sair. Foi o caso da Letícia, irmã da Sylvia e mãe da menina Katrina que havia aberto a porta para o assassino disfarçado de Papai Noel. Com sua filha nos braços e ainda com vida, ela correu para a casa vizinha e ligou para a polícia.
Enquanto isso, Bruce, que seguia dentro da casa, joga gasolina pelos cômodos da residência e nos corpos que estavam no chão. Dentro do pacote com embrulho de presente ele tira um lança-chamas caseiro e ateia fogo em tudo. A chama foi tão agressiva que chegou a queimar o próprio assassino, fazendo com que a fantasia de Papai Noel derretesse e grudasse na sua pele.
Os bombeiros chegaram rápido, mas o fogo já havia se espalhado por toda a casa. Segundo a perícia, a própria decoração de Natal ajudou as chamas se espalharem mais rapidamente. As chamas chegaram a 15 metros de altura. Foram uma hora e meia de trabalho intenso de uma equipe de 80 bombeiros para conseguir finalmente apagar o fogo. Praticamente toda a casa havia se reduzido a cinzas. Os corpos, mortos pelos tiros ou pelo incêndio, estavam espalhados pelos diversos cômodos.
Mas onde estava Bruce?
Após causar o incêndio, Bruce entrou no seu carro, que estava estacionado próximo à casa da família da sua ex-mulher, e dirigiu por cerca de cinquenta quilômetros até onde seu irmão morava. O irmão não estava lá, mas ele conseguiu entrar no apartamento.
Quando o irmão finalmente chegou, já era o fim. Bruce havia atirado na própria cabeça. A polícia constatou que pouco antes de cometer os assassinatos, ele havia comprado uma passagem aérea para o Canadá, provavelmente com o intuito de fugir. Junto ao seu cadáver tinha dezessete mil dólares em espécie. Seu corpo estava com queimaduras graves de terceiro grau, resultado de uma falha de cálculo do próprio assassino, que não dimensionou a força do seu lança-chamas. Esses ferimentos podem ter sido o motivo da mudança de planos após cometer o crime, já que não conseguiria embarcar no avião com o corpo naquele estado.
O triste caso que aconteceu em plena véspera de Natal nas imediações de Los Angeles, nos Estados Unidos, ficou conhecido como ‘O massacre de Covina’. Bruce Jeffrey Pardo não tinha nenhum registro na polícia. O que se supõe é que, inconformado com seu divórcio, que os papéis haviam sido assinados poucos dias antes do crime, em 18 de dezembro, decidiu invadir a casa onde a família de sua ex-mulher, Sylvia, se reunia para o Natal e cometer uma chacina.
Ao todo foram nove mortos, entre eles Sylvia, seus pais, um sobrinho, três irmãos e duas cunhadas.
O caso Sameena Imam
Coventry, Inglaterra. Era 24 de dezembro de 2014.
Sameena Imam, de 34 anos, era gerente de marketing da multinacional Costco, uma rede varejista americana. O clima natalino era algo que sempre animou Sameena, mas nesse ano em especial, ela tinha uma razão a mais para estar feliz. Roger Cooper, com quem tinha um relacionamento fazia dois anos, finalmente a assumiria de forma oficial e poderiam tornar seu relacionamento público.
Isso porque Roger, que era também seu colega de trabalho, na verdade era casado. Sameena sempre soube disso. Sabia que ela era a amante. Mas ainda naquele ano de 2014, ela descobriu que Roger tinha começado um relacionamento com uma terceira mulher. Aquilo foi a gota d’água para ela. Colocou ele na parede e disse que Roger precisava escolher. Ou largava a esposa e a outra amante para ficar com ela da forma correta, ou estaria tudo acabado.
Para não discutir, Roger disse que no ano seguinte, em 2015, tudo seria diferente. Ele terminaria com sua esposa e eles ficariam juntos de forma oficial.
Mas a realidade é que Roger nunca quis que isso acontecesse. Ele nunca quis terminar com a sua mulher. Sem assumir oficialmente seu relacionamento com Sameena, ele ficou com medo que ela contasse para a sua esposa sobre seus casos fora do casamento. Além disso, sabendo que a empresa não via com bons olhos relacionamentos entre funcionários, teve receio também de perder seu emprego se Sameena revelasse tudo.
No dia 24 de dezembro de 2014, véspera de Natal, Sameena, que tinha confirmado para sua família que passaria a noite de Natal com eles, não apareceu para a ceia. Seus pais, preocupados, acionaram a polícia sobre o seu desaparecimento e as buscas começaram.
Conseguiram resgatar imagens de Sameena comprando uma garrafa de vinho e chocolates em um mercado na tarde do 24 de dezembro, assim como imagens dela deixando o local de trabalho. Mas foi apenas no dia 4 de janeiro, onze dias após seu desaparecimento, que os investigadores encontraram a primeira pista: o carro de Sameena. Ele estava estacionado em uma rua tranquila de um bairro residencial.
No carro não havia impressões digitais ou pistas do que pudesse ter acontecido com a moça, mas notaram que o banco do motorista estava muito para trás. Uma distância incompatível do que seria esperado para uma mulher de um metro de cinquenta e sete.
Com registros do celular dela, os policiais conseguiram identificar que Sameena esteve na cidade de Leicester, cerca de 40 km de distância de Coventry, no dia 24 de dezembro à tarde, após ter saído do trabalho. O endereço era a casa de um homem chamado David Cooper. Ele era o irmão do Roger, o mesmo Roger que a Sameena tinha um caso.
E lá foram os investigadores até a casa do David. Encontraram a garrafa de vinho que Sameena havia comprado, além de outros indícios de que ela realmente havia passado por ali. David e Roger foram então interrogados e presos como suspeitos dias depois, em 9 de janeiro de 2015.
Dezesseis dias haviam se passado desde o seu desaparecimento e mesmo com dois potenciais criminosos presos, ainda não haviam localizado Sameena.
Dois dias depois da prisão, em 11 de janeiro, um homem que se identificou como amigo de David levou aos investigadores uma chave. Segundo ele, o próprio David o havia entregue essas chaves pouco antes de ser preso. Elas eram de um terreno que o David tinha nas proximidades.
Já no terreno, os peritos escavaram o local e encontraram o corpo de Sameena. Ele estava enrolado com plástico filme dentro de um saco de dormir. A autópsia indicou que sua morte foi causada por sufocamento pela inalação de substâncias químicas. Nas próprias palavras usadas pela imprensa na época, uma combinação bizarra de elementos, incluindo estanho, mercúrio e arsênico.
A partir daí as peças do quebra-cabeça começaram a se juntar.
A primeira tentativa de matar Sameena teria sido no dia 12 de dezembro. Ela estava em uma festa de Natal e de lá encontraria Roger em um hotel que ele havia reservado para passarem a noite juntos. A verdade é que Roger não estava lá. Quem estava no lugar dele era o seu irmão David. Ele aguardava por Sameena no estacionamento. Provavelmente a pegaria de surpresa, a colocaria no carro e desapareceria com ela.
Enquanto David aguardava, ele e Roger trocavam mensagens pelo celular usando frases do filme Star Wars, como se fossem códigos. Eram frases como “Estrela da morte completa” ou “Fique no alvo, você é esperado, Vader”.
Mas Sameena acabou indo até o hotel de táxi, o que fez com que David não a visse chegar. Ela entrou no hotel, descobriu que não havia um quarto reservado para ela, que Roger nem mesmo tinha aparecido, e foi embora. O plano havia falhado.
No dia 24 de dezembro, Sameena e Roger saíram do trabalho no mesmo horário, um em seguida do outro. No estacionamento, cada um entrou no seu próprio carro e dirigiram até um local afastado. Lá, Sameena deixou seu carro estacionado e entrou no carro do Roger.
Eles seguiram para a casa do David, irmão do Roger, em Leicester. Tudo apontava que ela imaginava ser apenas uma parada rápida. Fazia poucos minutos que tinha mandado uma mensagem para a sua irmã confirmando sua presença no Natal da família naquela mesma noite.
Por volta das cinco da tarde eles chegam a casa do David. Segundo os investigadores, assim que entraram ela foi atacada pelos dois, David e Roger, quando a fizeram inalar a força o veneno. Enquanto Roger voltava para a casa dele, David ficou encarregado de desaparecer com o corpo e o levou para o terreno que tinha ali próximo.
Foi também nesse meio tempo que Roger, de posse do celular da Sameena, escreveu uma mensagem para ele, para fingir que era a Sameena que tinha mandado a mensagem. Dizia, abre aspas: “Estou furiosa. Vou para um lugar onde as pessoas cuidam de mim”, fecha aspas. Ele pegou então o próprio celular e respondeu a mensagem, dizendo que tudo bem e desejando um feliz Natal.
Nos dias que se passaram, os irmãos pegaram o carro da Sameena, o levaram até um bairro residencial, limparam todas as impressões digitais e o abandonaram ali.
Apenas em outubro de 2015 que os irmãos foram julgados. Foram dez semanas de julgamento. Os promotores afirmaram que Roger acreditava que Sameena guardava o relacionamento deles em completo segredo, que ela nunca tinha mencionado sobre o assunto com ninguém. Assim, imaginou que com o desaparecimento dela, ele seria apenas mais um colega de trabalho, que nada ligaria ele ao crime. Mas Sameena havia sim comentado sobre a relação deles com alguns amigos íntimos, e os investigadores já estavam desde o início de olho em Roger.
O que os investigadores nunca conseguiram entender é o porquê de David, o irmão, ter aceitado participar de um ato tão cruel, de matar uma mulher que ele nem mesmo conhecia.
Ambos nunca haviam tido registro na polícia ou queixas por agressividade. Eles alegaram inocência até o final. Durante o julgamento, não falaram nada, nem mesmo se olharam. Por unanimidade o júri declarou os irmãos como culpados da morte de Sameena e eles cumprem 30 anos de prisão.
Após condenados, a detetive que liderou o caso, Caroline Marsh, o descreveu como o crime mais cruel que já investigou. Ela disse, abre aspas: “A maioria dos assassinatos são eventos espontâneos motivados por raiva ou ciúme. Neste caso, o que descobrimos foram semanas e semanas de planejamento para matar Sameena” fecha aspas.
O desaparecimento de Joanna Yeates: o perigo mora ao lado
Bristol, Inglaterra. Era 25 de dezembro de 2010.
Um casal, enquanto passeava com seu cachorro, encontra o corpo de uma mulher à beira da estrada coberto por folhas e neve.
A cidade, que deveria estar celebrando o dia de Natal, na verdade vivia dias de tensão. Desde 19 de dezembro, o desaparecimento de Joanna Yeates era tudo o que se falava na imprensa local. A arquiteta paisagista de 25 anos, que vivia em um bairro tranquilo de Bristol com seu namorado, havia desaparecido. Nenhuma pista do que tinha acontecido com ela havia surgido. Até que, justamente no dia de Natal, seu corpo é encontrado.
A história começa no dia 17 de dezembro. Greg Reardon, namorado de Joanna, viaja para a casa dos pais, que fica a 300 km de Bristol, para passar o final de semana. Joanna fica então sozinha. Sabia-se que ela havia se encontrado com amigas em um pub naquela tarde. No retorno para casa, ela parou em um mercado e comprou uma pizza e duas garrafas pequenas de cidra, estando de volta ao seu apartamento pouco depois das oito da noite.
Durante o final de semana, Greg tentou contato com a namorada, mas não teve retorno. No dia 19 de dezembro ele voltou para casa e Joanna não estava lá. A casa estava aparentemente em ordem, mas Greg logo percebeu que o gato do casal estava sem cuidados fazia dias. Ligou mais uma vez para o celular de Joanna e o telefone dela tocou. Ele estava dentro do apartamento, junto com as suas chaves e carteira, num bolso do casaco.
A polícia foi acionada imediatamente e as buscas iniciadas. A comoção foi geral. A família usava amplamente as redes sociais para pedir ajuda. Qualquer informação era válida. Havia a esperança de encontrarem Joanna viva e todos celebrarem juntos a noite de Natal.
Mas com seu corpo encontrado, o que era um caso de desaparecimento se tornou homicídio. A autópsia só pôde ser realizada depois de três dias de acharem o corpo. Isso porque ele estava completamente congelado. Foi identificado que Joanna morreu por estrangulamento. Ao todo foram encontrados 43 ferimentos no seu corpo, a maioria deles na região da cabeça e pescoço, e estava sem vestígios de violência sexual.
Tudo o que se sabia era que o apartamento não tinha sinais de entrada forçada ou luta, o que indicava que ou Joanna conhecia seu agressor ou ela foi atacada muito rapidamente, sem tempo de se defender. Além disso, encontraram os recibos de pagamento das cidras, que estavam parcialmente consumidas, e da pizza. Essa não foi encontrada no apartamento e, segundo a autópsia, Joanna não a comeu. Encontrar a embalagem dessa pizza poderia ser uma pista.
Além disso, vizinhos notificaram, após o corpo de Joanna ser encontrado, que escutaram o que poderia ter sido gritos de mulher naquela noite do 17 de dezembro. Mas como foi algo rápido e pontual, imaginaram que não era nada grave.
Na época, o jornal The Sun chegou a oferecer até 50 mil euros para quem tivesse alguma informação sobre o caso. A pressão sobre a polícia para que respostas começassem a ser dadas era enorme. Não se falava em mais nada. O clima natalino havia desaparecido e tudo o que se queria eram respostas para quem matou Joanna Yeates.
Uma equipe de mais de 80 detetives foi montada. Foram mais de 100 horas de gravações analisadas e mais de 290 toneladas de lixo verificados em busca por pistas. Era uma das maiores operações policiais da história de Bristol pronta para trabalhar.
É quando, em 30 de dezembro, a polícia prende seu primeiro suspeito. O nome dele era Christopher Jefferies. Um homem de 65 anos, proprietário do prédio onde Joanna morava, que vivia no apartamento em cima do dela. Ele era um professor aposentado de cabelos compridos, grisalhos e andava frequentemente descabelado.
A sua aparência foi interpretada como excêntrica pelas pessoas, o que foi um prato cheio para a imprensa, que difamou sua imagem antes mesmo que qualquer prova que realmente o ligasse ao crime fosse relatada.
Sua foto estampou praticamente todas as capas de jornais. Era relatado como descuidado, sujo e com atitudes grosseiras e dominadoras. Foi apelidado como “senhor esquisito” e acrescentavam que ele era pavoroso, solitário, mórbido e sexualmente reprimido. O fato de que ele conhecia o movimento de seus inquilinos por ser proprietário do prédio e ter acesso aos apartamentos era sempre frisado pelos jornalistas.
A polícia deteve Jefferies para interrogatório por 96 horas, quando foi liberado no dia 4 de janeiro após pagar fiança. Ele apenas deixou de ser suspeito de ter assassinado Joanna em 4 de março. Nunca nenhuma evidência de que Jefferies era o culpado apareceu nas investigações.
Foi em 20 de janeiro de 2011 que um novo personagem entra na história. Vincent Tabak era um engenheiro holandês que também ocupava um dos apartamentos do prédio de Jefferies. Era vizinho de Joanna e morava com sua namorada.
Durante o feriado de Ano Novo, Tabak estava na Holanda para passar as festividades com sua família, justamente quando Jefferies havia sido preso como suspeito do assassinato. Tabak então ligou para a polícia para contar o que ele se lembrava daquela noite do 17 de dezembro. Disse que havia visto Jefferies sair do prédio pela noite, próximo da hora da morte de Joanna, e que seu carro estava estacionado perto da entrada do apartamento dela, mas que, pela manhã, ele estava estacionado em outro lugar.
No dia 31 de dezembro uma investigadora voa até a Holanda para interrogá-lo e assim ter mais detalhes do que Tabak sabia. Mas é aí que o cenário muda. A detetive começa a perceber atitudes suspeitas de Tabak. As versões da história que ele contava eram controversas e seu interesse pelo caso, principalmente sobre detalhes das análises feitas no corpo da Joanna, começaram a intrigar a detetive.
Sem demonstrar a Tabak que ele passava a entrar para a lista de suspeitos pelo crime, ela pediu a ele amostras de DNA e suas digitais. Alguns dias depois, mais precisamente em 20 de janeiro, Tabak é preso. Seu DNA foi encontrado no corpo de Joanna e rastros do sangue dela foram identificados no carro dele.
Sua prisão causou estranheza entre aqueles que conheciam Tabak. Até mesmo Jefferies, que sofria com falsas acusações, não conseguia acreditar que aquele homem, sempre tão quieto e tranquilo, era o responsável por algo tão terrível.
Mas Tabak realmente guardava de forma bem escondida uma segunda faceta. Ele era viciado em pornografia violenta, com cenas de tortura e dominação, além de pornografia infantil. Nem mesmo sua namorada, que vivia debaixo do mesmo teto que ele há anos, podia imaginar que seu companheiro tinha hábitos como esse. Ela foi outra que não acreditou nas acusações. Imaginava que mais uma vez, assim como com Jefferies, a polícia estava acusando a pessoa errada.
O que as investigações revelaram foi que, na noite do dia 17 de dezembro, Tabak, que estava sozinho já que sua namorada estava em uma festa com amigos, bateu na porta de Joanna. Joanna, o reconhecendo como um vizinho, abriu a porta. Ele então a atacou. Com a reação de susto que Joanna teve, gritando por socorro, Tabak ficou nervoso e a enforcou.
Com o objetivo de criar um álibi a seu favor, Tabak, após colocar o corpo de Joanna no seu carro, vai até o mercado e faz algumas compras. Assim, na hora do crime, ele teria registros de onde estava. Após, vai até o local onde deixou o corpo, cerca de cinco quilômetros de distância do apartamento, e volta para casa. A pizza que sumiu do apartamento de Joanna? Ele mesmo a teria comido.
Já dentro do seu apartamento ele faz buscas em seu computador um tanto comprometedoras. Pesquisa sobre diferenças entre assassinato e homicídio culposo e sobre quanto tempo leva para um corpo se decompor.
Todos esses fatos levantados pela polícia pesaram contra Tabak. Durante seu julgamento, ele confessou o assassinato, mas tentou uma versão de homicídio culposo, sem intenção de matar. Disse que ele apenas se defendeu após Joanna o atacar. Claro que essa versão não convenceu o júri. Após quatro dias de julgamento, em 28 de outubro de 2011, Vincent Tabak foi considerado culpado pela morte de Joanna Yaeates e cumpre prisão perpétua.
Jefferies, que teve sua reputação completamente abalada após ter sido o foco da imprensa por dias como suspeito de ter matado Joanna sem provas, conseguiu processar com sucesso diversos tabloides ingleses por difamação. Ele recebeu também um pedido de desculpas formal por parte da polícia.
A matança de Natal
Dayton, Ohio, Estados Unidos. Era 24 de dezembro de 1992.
A cidade de Dayton estava pronta para começar as celebrações de Natal. O tradicional pinheiro gigante que todos os anos ocupava a praça principal do centro da cidade tinha acabado de ser inaugurado. Sua inauguração era marcada por uma grande festa. Milhares de pessoas se reuniam em volta dele ainda com suas luzes apagadas e, numa contagem regressiva, ele se iluminava por completo dando início oficial ao feriado de Natal.
Dayton, então, era inundada pelo clima natalino. Toda a cidade decorada, luzes por todos os lados, feiras temáticas com comidas típicas da época, pessoas de um lado para o outro indo atrás dos últimos detalhes para a ceia.
O que não se esperava era que, naquele ano de 1992, a cidade do estado de Ohio, nos Estados Unidos, seria palco de um dos maiores massacres de Natal até então registrados.
Dia um, 24 de dezembro
Um grupo de quatro amigos, Marvallous Keen, 19 anos, sua namorada Laura Taylor, 16 anos, DeMarcus Smith, 17 anos, e sua namorada Heather Matthews, 20 anos estavam sem dinheiro e tiveram uma ideia. Mais especificamente, Laura teve uma ideia. A fim de “colocar um pouco de drama em suas vidas”, frase dita pela própria Laura, ela sugeriu que o grupo fizesse um roubo.
Ela tinha um alvo claro, Joseph Wilkerson, de 34 anos. Laura o conhecia, era um amigo. Joseph estava caminhando bem em sua vida. Tinha um trabalho fixo na General Motors, um carro novo na garagem e um bom salário. Laura também sabia que Joseph gostava de pagar para ter relações sexuais. Sendo assim, ela propôs para ele uma orgia.
O grupo foi até a casa dele. Tomaram alguns drinks, conversaram e foram para o quarto. Laura começou a tirar as roupas do Joseph e o amarrou na cama. Só nesse momento é que Joseph percebeu que tinha caído em uma armadilha. Marvallous pega sua arma, uma calibre 25 que havia levado consigo, e anuncia o roubo.
O grupo começa então a fazer uma varredura pela casa. Eles roubam itens como uma TV, um barbeador, um secador de cabelo, o telefone e o micro-ondas. Colocam tudo no carro do Joseph, que também roubariam. Na garagem eles encontram uma arma calibre 32.
Marvallous pega essa arma, vai até o quarto onde estava Jaseph, e atira em seu peito. Com o barulho do disparo, Laura corre até o quarto e vê o que seu namorado tinha feito. Mas Joseph seguia vivo. Marvallous tenta novamente disparar a arma calibre 32, mas ela falha. Laura pega então o revólver calibre 25, que era de Marvallous, e atira na cabeça de Joseph, aí sim tirando a sua vida.
A partir daí, o tal do drama que Laura queria colocar em suas vidas transforma-se em algo sério e tudo o que se decorreu após esse primeiro assassinato parece ter fugido completamente do controle do grupo. O que era para ser um roubo se transformou no início de um massacre.
O grupo encontrou sua segunda vítima ainda nesse mesmo dia, na véspera de Natal, algumas horas após deixarem a casa de Joseph. O nome dela era Danita Gullete. Ela tinha 18 anos, era mãe de uma criança de dois anos e estava usando um telefone público da rua. O grupo a cerca, aponta as armas, pede a ela que tire seus tênis e sua jaqueta, pega sua bolsa e faz nove disparos contra Danita que morre na hora. Eles fogem.
Pessoas que estavam na rua e viram o crime acontecer ligam para a polícia. As balas foram confirmadas serem de uma arma calibre 25 e o que ficou como pista para os investigadores era que essas balas eram munições baratas, usadas geralmente em aulas de tiro.
Durante a noite, todos vão para a casa da Heather, uma das integrantes do grupo de criminosos, para uma reunião de Natal. Lá estão mais dois amigos, a Wendy Cottrill, de 16 anos, e seu namorado Marvin Washington. É quando aparece um ex-namorado de Heather, Jeffrey Wright, de 28 anos. Ele começa a discutir com Heather. A pega pelo cabelo e a arrasta para um quarto.
Porém, o atual namorado de Heather, DeMarcus, vai atrás deles e, com a sua arma, tenta atirar em Jeffrey. Ele apenas consegue acertar sua perna e Jeffrey foge para a casa de um vizinho. O vizinho o leva para a delegacia.
Dia dois, 25 de dezembroLaura Taylor, que também tinha um ex-namorado, Richmond Maddox, de 19 anos, decidiu que queria matá-lo. Provavelmente ela tinha alguma desavença com ele, algo mal resolvido, e sabia que ele tinha dinheiro e um carro. Richmond, portanto, era a próxima vítima.
Laura Taylor, que também tinha um ex-namorado, Richmond Maddox, de 19 anos, decidiu que queria matá-lo. Provavelmente ela tinha alguma desavença com ele, algo mal resolvido, e sabia que ele tinha dinheiro e um carro. Richmond, portanto, era a próxima vítima.
Laura, aparentemente sozinha, vai até a casa do ex. Eles entram no carro dele. Logo atrás, no carro roubado, os outros três integrantes do grupo os seguem. Mas Richmond não demora para perceber que estava sendo seguido e acelera o carro.
Nesse momento, Laura pega a arma calibre 25 e atira na cabeça dele o matando. O carro bate em uma árvore. Ela rouba sua carteira e sai do carro, com a perna um pouco manca, mas sem grandes danos. Entra no carro dos colegas, que estava logo atrás, e fogem.
Pessoas na rua testemunharam o que tinha acabado de acontecer e ligaram para a polícia. Mas quando chegaram na cena do crime, o grupo já estava longe.
Dia três, 26 de dezembro
Rendem Sarah e as demais pessoas que estavam no local, que eram poucas, e pedem todo o dinheiro do caixa. Assim que ela entrega o dinheiro a Marvallous, ele faz dois disparos contra ela. Um tiro acerta sua boca e o outro a sua testa. Eles atiram em outras duas pessoas que estavam na loja, um funcionário e um cliente, mas eles não morrem. Sarah morre cinco dias depois no hospital. O grupo, mais uma vez, foge.
A polícia é chamada. As pessoas que estavam no mercado conseguiram dar boas descrições de como eram os criminosos e do carro que estavam dirigindo. Além disso, um novo grande avanço. Na cena do crime a polícia encontrou o mesmo tipo de munição barata que vinha sendo encontrada em outros assassinatos que ocorreram na cidade nos últimos dias.
E é apenas aí que começam a juntar as peças. Até então, as mortes que a polícia vinha investigando não pareciam estar ligadas a um mesmo criminoso, já que as vítimas não tinham nenhuma ligação entre si.
É após esse episódio do minimercado que Marvallous e DeMarcus começam a ficar realmente preocupados. Eram muitas as pessoas que já os tinham visto em suas matanças por Dayton afora e, além disso, duas pessoas em especial poderiam ter grandes potenciais de denunciá-los.
Wendy e Marvin, aquele casal de amigos que estava na celebração de Natal na casa de Heather. Naquela ocasião, o grupo estava eufórico com o que tinham feito, matado até então duas pessoas, e contaram tudo a eles.
Queriam resolver essa situação que os colocavam em perigo de serem pegos. Para isso, Marvallous e DeMarcus encontram-se com Wendy e Marvin com a desculpa de tomarem umas cervejas.
Nessa ocasião se encontram também com um outro amigo, Nicholas Woodson. O assunto de tudo o que o grupo de criminosos vinha fazendo pela cidade nos últimos dias voltou à pauta e eles contaram com a maior naturalidade.
Depois de algumas horas, Nicholas diz tchau aos amigos e vai para a sua casa, e agora os quatro, Marvallous, DeMarcus, Wendy e Marvin ficam sozinhos. Os assassinos levam os amigos de carro até uma grande área descampada fora da cidade onde funcionava uma pedreira, os forçam a sair do carro e começam a questionar se eles haviam contado algo para a polícia.
O casal de amigos jura que não tinham contado nada, que jamais os denunciariam. Mas seus juramentos não foram o suficiente para saírem com vida. Marvallous e DeMarcus atiram nos amigos e deixam seus corpos no local.
Porém, aquele terceiro amigo que encontrou com eles horas antes, Nicholas, que também escutou as histórias de tudo o que o grupo vinha fazendo durante o feriado de Natal, ficou apavorado. Agora, também sendo cúmplice, sabia que não demoraria para a gangue vir atrás dele. Assim, logo que se despediu dos amigos naquele final da tarde, foi até a delegacia e contou tudo o que sabia aos policiais.
Em paralelo a isso, um policial chamado John Huber estava trabalhando na rua checando placas de carros. É quando ele escaneia a placa de um Dodge preto e percebe que ela não corresponde ao carro que está colocada.
O grupo, para despistar a polícia, vinha trocando as placas dos carros que roubavam. Nesse momento, tudo o que o oficial John sabia era que o carro era roubado, não que dentro dele estava o grupo responsável pela matança que assolava a cidade nos últimos dias.
John então vai atrás do carro, que dentro estavam quatro pessoas, quando finalmente ele os encurrala. Todos, de forma bastante cooperativa, se rendem. Com a denúncia feita quase na mesma hora por Nicholas, não foi difícil para a polícia entender que estavam prendendo o grupo responsável por um grande massacre.
Todos foram interrogados separadamente e, segundo a polícia, não demonstraram nenhum arrependimento. Heather fez um acordo para contar tudo em troca de não ser condenada à morte.
Laura e DeMarcus eram menores de idade e portanto não poderiam ter essa condenação. Os três foram condenados à prisão perpétua. Já Marvallous foi para o corredor da morte e executado por injeção letal em 21 de julho de 2009.
Durante três dias, mais especificamente durante o feriado de Natal, Dayton viveu um verdadeiro terror. Ao todo, o grupo de jovens matou seis pessoas e deixou vários feridos, além de uma marca dolorida na história da cidade que jamais será esquecida.
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